ESTREIA EM GRANDE: GUINÉ-BISSAU CRIOU FEDERAÇÃO PARA BASSÓ PIRES COMPETIR NO MUNDIAL DE KICKBOXING
© RECORD
Apesar de ser atleta da Guiné-Bissau, Bassó Pires fez-se acompanhar pela comitiva portuguesa sempre que subiu a ringue no Campeonato do Mundo de Kickboxing. A situação pode ter criado alguma confusão a quem assistia à prova, mas a explicação acaba por ser relativamente simples.
A viver e a treinar em Portugal há vários anos, Bassó Pires viu ser criada a ‘Federação Nacional de Combate e Desporto – Guiné-Bissau’, meses antes desta competição, de forma a que pudesse competir em Itália. Desta forma, o lutador, de 28 anos, tornou-se o primeiro guineense a competir numa prova internacional de kickboxing. Depois da derrota no terceiro combate, esta quarta-feira, o atleta, que competiu em K1 (-81 kg) estava visivelmente desiludido, mas, em declarações a Record, não escondeu o orgulho pelo feito alcançado.
Vejo esta prova como uma aprendizagem. Ninguém gosta de perder, numa primeira fase custa muito, mas depois vou começar a digerir as coisas de outra forma. Foi a minha primeira vez no Mundial, ainda para mais sendo esta a primeira vez que a Guiné-Bissau participa numa competição destas. É um orgulho para mim ser o primeiro. Gostaria de ser uma inspiração para outras pessoas, espero conseguir abrir portas para outras gerações. É a primeira de muitas!”, referiu Bassó, que analisou ainda o que falhou no combate que ditou a sua eliminação: “Não consegui desenvolver o meu jogo e tive dificuldades em encaixar-me e em anular o jogo dele. Apesar de, fisicamente, eu estar melhor do que ele, o que disse anteriormente prejudicou-me e ele acabou por fazer um combate inteligente”.
TREINADOR ELOGIA EVOLUÇÃO
Bassó Pires é orientado por João Diogo, team manager da comitiva portuguesa. Em conversa com o nosso jornal, o dirigente começou por explicar de que forma conheceu o atleta. “O Bassó era atleta de um amigo meu, o Francisco Mango, também ele guineense, que, por motivos profissionais, teve de deixar Portugal. Ele pediu-me para agarrar no Bassó e ajudar a promovê-lo, isto na medida em que o Francisco via nele um grande potencial. Isto foi há cerca de quatro anos e, desde aí, o Bassó teve um crescimento e uma evolução enormes”, referiu.
Daqui até à criação da federação guineense, que permitia a entrada de Bassó na prova que decorre em Jesolo (Veneza), foi um trajeto curto: “Nós queríamos trazer o Bassó a este campeonato. Falei com o presidente da WAKO África e ele explicou-me que a Federação Guineense não estava inscrita. Assim, decidi falar com amigos meus, principalmente o Adelino da Costa, e surgiu a possibilidade de ajudarmos à criação de uma federação de Kickboxing na Guiné. A ideia cresceu e foi criada uma federação de desportos de combate. Isto foi há uns meses e, desde aí, começou a tratar-se de tudo com a WAKO, que também fica feliz por ver mais países a juntarem-se à comunidade”.