LUTA LIVRE: MEDALHAS. MERCADO DESPERDIÇADO
A Guiné-Bissau encerra a sua participação na luta livre com três medalhas, uma de bronze (Fafé) e duas de outro ganhas por Mbali e Bacar Midana, este último sobrinho do Augusto Midana, tricampeão africano e um nome de relevo na mesma modalidade a nível mundial.
Há muito que a luta livre nos dá medalhas ou lugares de destaque em quase todas as competições internacionais. E isso acontece praticamente sem nenhum investimento nos atletas e nas infraestruturas de treino.
É um desporto praticado por quase todas as etnias da Guiné-Bissau. Nas nossas tabancas (aldeias), é natural praticar a luta livre numa determinada fase da nossa vida. Eu pratiquei enquanto adolescente. O sucesso dos nossos atletas é apenas expressão dessa realidade cultural.
Ganhar medalhas em competições internacionais é motivo de satisfação pessoal do atleta, rende-lhe algum dinheiro e orgulha o país. Ora, isso é curto. Mais que isso, é preciso organizar a modalidade de forma profissional, com um campeonato nacional e estruturas que lhe servem.
Po exemplo, o modelo senegalês de luta tem mais adeptos que o futebol e gera um mercado que movimenta bilhões por ano e cria milhares de empregos. Um combate pode render ao vencedor até 100.000.000 de FCFA.
Não podemos continuar a ignorar uma modalidade muito mais popular que o desporto, que nos tem dado muito mais medalhas nas competições internacionais, sem praticamente nenhum investimento.
O Augusto Midana e outros que já se reformaram da luta livre deviam poder continuar a sua carreira como treinadores ou gestores profissionais de equipas de luta e viverem disso.
Tudo isso só pode acontecer se o país se rever em si e nas suas potencialidades naturais e culturais, e deixar de perder tempo e dinheiro com desportos que não nos rendem praticamente nada.
Banjul, Gâmbia, 22.5.2022
Mantenhas!
©️ Pedro Rosa Có