‘UMA RELAÇÃO AZEDA DA FFGB E A IMPRENSA DESPORTIVA’
Hoje vamos voltar a uma abordagem que já fizemos há um tempo. Falamos da relação azeda entre a imprensa desportiva nacional e a atual direção da Federação de Futebol da Guiné-Bissau (FFGB).
Claro que estamos gratos a muitos elogios que o presidente da Federação de Futebol da Guiné-Bissau, Carlos Alberto Mendes Teixeira (Caíto) tem deixado aos jornalistas do Desporto guineense, sobretudo pelo trabalho que fizeram durante o seu mandato. Mas queremos ver as suas palavras traduzidas em prática, ou seja, que a FFGB comece a tratar a imprensa desportiva com mais respeito. Acho que pelo menos merecemos isso.
Nas suas últimas declarações à imprensa, Caíto tem deixado rasgados elogios ao trabalho dos jornalistas do desporto nacional, mas na realidade não é o que parece. Há muito tempo que a imprensa desportiva da Guiné-Bissau parece ser o principal adversário se não inimigo número 1 da Federação de Futebol da Guiné-Bissau.
Como é que é possível uma instituição como a Federação de Futebol da Guiné-Bissau realizar muitas das suas atividades sem convidar a imprensa ou às vezes optar por um convite seletivo, deixando de fora os órgãos de comunicação ou jornalistas cujas visões são diferentes das da FFGB?
Aceitamos que qualquer instituição moderna tem seus canais de comunicação, como também é o caso da nossa federação de futebol, mas esses canais nas redes sociais, em nenhuma parte do mundo podem substituir o trabalho da imprensa, que é um verdadeiro mediador de campos sociais.
É normal ver, ler ou até ouvir algumas pessoas leigas nos saberes do jornalismo a se cismarem com as críticas ou as nossas exigências. Exigimos sim, porque temos o compromisso de formar e informar o povo da Guiné-Bissau sobre todas as atividades do desporto nacional, o nosso compromisso não se resume às instituições ou pessoas, mas ao nosso país e será sempre assim.
Apesar de nascermos e estamos a viver num país onde poucos reconhecem o trabalho daqueles que querem ver a nação guineense num lugar onde merece estar, mesmo assim continuamos a fazer aquilo que amamos e acreditamos que é a melhor forma de dar a nossa valiosa contribuição para o bem estar da Guiné-Bissau e consequentemente do seu desporto. Nunca vamos desistir deste nosso compromisso mesmo que isso nos deixasse mais pobre ainda.
Existe no país uma organização que congrega mais de 90% dos jornalistas desportivos da Guiné-Bissau, falo-vos do Fórum dos Jornalistas Desportivos da Guiné-Bissau (FORJOD-GB), uma associação criada em Dezembro de 2017 em Bissau, mas que além de não ser reconhecida por atual liderança da Federação de Futebol da Guiné-Bissau, também a FFGB (o seu Gabinete de Comunicação) recusou várias tentativas de um encontro de trabalho, onde a organização pretendia se apresentar e propor soluções face a vários constrangimentos no exercício da profissão.
Nunca é tarde para pôr as coisas em ordem, por isso, lançamos aqui um repto às duas organizações – Fórum dos Jornalistas Desportivos da Guiné-Bissau e a Federação de Futebol da Guiné-Bissau a se sentarem à mesma mesa para falar do nosso futebol, porque só juntos, mas juntos podemos dar ao mundo o melhor que o nosso desporto-rei possui.
Uma coisa é certa, essa relação hostil entre a Federação de Futebol da Guiné-Bissau e Fórum dos Jornalistas Desportivos da Guiné-Bissau só deixa a perder o nosso futebol e consequentemente o nosso próprio país.
Acredito que qualquer instituição gostaria que fosse tratada com respeito, se essa é a questão, então, pedimos aqui que comecem a nos tratar com respeito, porque fazemos parte da sociedade guineense e estamos a dar muito bem a nossa valiosa contribuição para o desporto nacional.
A seleção nacional de futebol local fez toda a sua preparação para a dupla jornada contra a Gâmbia longe da imprensa, assim como a lista dos pré-convocados e dos convocados, todos foram realizados e divulgados longe da comunicação social guineense.
A forma como é convocada à imprensa para cobrir os eventos da FFGB não dignifica nem àquela instituição, nem à imprensa.
Colocar um post nas redes sociais em cima da hora para convocar a imprensa, sem uma carta convite prévia ou um telefonema sequer, é faltar ao respeito ou desvalorizar o trabalho dos jornalistas.
À direção do Fórum dos Jornalistas Desportivos da Guiné-Bissau exigimos mais ação em defesa desta classe que tem a maioria das mulheres e homens guineenses que dedicam todos os dias as suas vidas em prol do desenvolvimento do desporto do solo pátrio de Amílcar Lopes Cabral.
Por hoje é tudo e até a próxima reflexão sobre o nosso desporto.
A Guiné-Bissau somos nós e nós somos a Guiné-Bissau!
Lisboa, 04 de Agosto de 2022
©️ Sene Camará | Editor-chefe d’O Golo GB