PRESIDENTE DA FFGB A DAR AULA DE JORNALISMO AOS REPÓRTERES!
Como jornalista sempre lutei para fazer da melhor maneira possível o meu trabalho jornalístico, mas um repórter nunca deve ser um bajulador ou engraxador, só porque quer uma informação, isso não. Espero que nenhum jornalista chegue a esse ponto […]
Dói-me ver uma pessoa que percebe pouca coisa do jornalismo a querer dar lição de moral ou aula de jornalismo aos homens da imprensa guineense, como fez ontem, Caíto Teixeira, presidente da Federação de Futebol, na sua chegada ao aeroporto internacional Osvaldo Vieira de Bissau.
Carlos Alberto Mendes Teixeira (Caíto) decidiu aparecer ontem na imprensa para dar uma aula ou palestra aos jornalistas, mas a meu ver o líder da federação de futebol não tem moral para fazer tais declarações contra os jornalistas, claro que podia ser, se a sua própria instituição não abrisse uma guerra desnecessária com os jornalistas e órgãos de comunicação social.
Se o Caíto Teixeira queria falar de comunicação deveria sim, começar pelo seu gabinete de comunicação e marketing que precisa melhorar com urgência a sua forma de comunicar com outras instituições, assim como com os jornalistas, mas infelizmente, o próprio Caíto Teixeira e seu gabinete de comunicação e marketing estavam ou talvez até hoje estão convencidos que sozinhos podem difundir toda a atividade do desporto-rei guineense, uma pura utopia[…]
Achando que sozinhos conseguem fazer a divulgação do nosso futebol, decidiram afastar os jornalistas e abrir uma guerra desnecessária com a imprensa desportiva nacional, ao mesmo tempo tentar dividir a nossa classe com os convites seletivos dirigidos apenas a alguns órgãos de comunicação social que para a FFGB partilham as mesmas visões com eles[…]
Se a Federação de Futebol da Guiné-Bissau queria um relacionamento saudável com a comunicação social guineense devia assumir outra postura, mas não o comportamento que tem estado a adoptar com os verdadeiros homens da imprensa nacional.
Como já tinha dito uma vez, num outro artigo de opinião, repito, desde que comecei a praticar o jornalismo desportivo em 2012 no jornal O Democrata, nunca assisti uma liderança da federação de futebol que menosprezou a imprensa nacional como está acontecer neste mandato em curso de Caíto Teixeira, isso sim, é uma realidade.
A guerra que atual direção da federação de futebol criou sozinho contra a imprensa desportiva não limitou-se apenas aos jornalistas e seus órgãos, mas sim chegou até à classe que representa 99 por cento dos profissionais da comunicação social guineense que trabalham no desporto, neste caso refiro ao Fórum de Jornalistas Desportivos da Guiné-Bissau (FORJADO-GB)[…]
Infelizmente, o Fórum de Jornalistas Desportivos da Guiné-Bissau tentou manter um encontro de trabalho com o Gabinete de Comunicação e Marketing da Federação de Futebol da Guiné-Bissau, mas foi simplesmente ignorado…
Como membro fundador do FORJOD-GB, sei que a nossa organização queria apenas dar a sua contribuição, com propostas concretas para o bem do nosso futebol, e mostrar a sua disponibilidade para trabalhar em colaboração com a FFGB, mas até hoje a carta enviada há mais de um ano à sede da FFGB, ficou infelizmente, sem qualquer resposta da parte da federação de futebol.
Todos nós jornalistas desportivos da Guiné-Bissau estamos de acordo com o presidente da Federação de Futebol da Guiné-Bissau, quando disse que nós homens e mulheres da imprensa nacional devemos nos manter atualizados, sim devemos, mas se a FIFA aprovou os projetos para a Guiné-Bissau é sim obrigação da federação informar os guineenses, isso pela transparência na gestão de coisa pública, mas não devia ser como o presidente, Caíto pensa que é, aproveitar uma ocasião dessa para desrespeitar a nossa classe.
A crítica que o Caíto tenta imputar aos jornalistas devia ser uma autocrítica a si próprio, sua direção e seu gabinete de comunicação, porque claro que sua companhia é que mais precisa de se atualizar do que os jornalistas, porque os elementos do gabinete de marketing e comunicação da FFGB precisam melhorar e muito a forma como comunicam com outras instituições ou organizações com interesse no nosso futebol, assim como a forma como informam os guineenses.
Queria fazer uma simples questão ao Sr. Caíto, “Docente de comunicação e jornalismo” os jornalistas não deviam registrar a opinião ou descontentamento dos jovens de Bafatá face ao atraso das obras? Ou queria que a imprensa ficasse de mãos cruzadas perante essa situação.
Outra coisa, a juventude de Bafatá tem toda a razão de manifestar sua indignação em relação ao atraso na execução das obras do Estádio da Rocha, porque foi a própria federação de futebol que anunciou a data do fim da construção do referido campo na cidade berço. Neste sentido, deveria ser a direção da FFGB a atualizar os guineenses sobre as novas alterações das datas para a execução da obra.
É lamentável ouvir um líder de uma instituição pública como a federação de futebol a dizer aos jovens de Bafatá que estão a criticar ou a exigir como se soubessem como ou onde saiu o dinheiro para a construção do Estádio da Rocha, sim todos sabemos que veio da FIFA, concretamento do programa Forward, se a FFGB quer explicar e simplificar tudo para nós leigos na gestão do futebol que o faça, se quer ocultar informações que o faça também, mas isso não vai nos impedir de exigir e pedir lucidez na gestão do nosso desporto-rei. É isso simplesmente que a juventude de Bafatá quer, a transparência.
Também, o presidente da federação de futebol deve entender uma coisa, decidir escolher Bafatá para construir ou qualificar seu campo não é um ato de caridade, mas sim uma obrigação ou dever da FFGB e dele como líder, porque se fosse um simples cidadão ou empresário que escolhesse a cidade natal de Amílcar Cabral para construir alguma coisa sim podemos ver isso como um ato de generosidade, mas Caíto tu és presidente da federação de futebol da Guiné-Bissau entenda isso, por isso, tudo o que fizeste desde a sua eleição e o que ainda vais fazer não é nenhum favor ao nosso futebol.
Já os teus atos particulares de caridade, sim, é um favor que fazes às pessoas que precisam, nossos parabéns por isso. Mas espero que no futuro não confundas os teus deveres com suas caridades[…]
Falaste do princípio de contraditório, quantas vezes foram contactados pela imprensa para darem a vossa versão sobre um determinado assunto, mas tudo em vão. Queres o contraditório, porque o seu Gabinete de Comunicação não convocou a imprensa para informar os jovens de Bafatá sobre a adenda de que referiu.
Mas ainda assim, convocam conferência de imprensa para falar exclusivamente de um jogador que vai ingressar no futebol europeu, e não podem convocar à imprensa para esclarecer assuntos importantes quanto o atraso no início das obras.
Há tantas coisas a melhorar nessa liderança, podemos ficar semanas a escrever não vamos esgotá-las. Caíto Teixeira e sua direção devem entender que a imprensa não tem nada contra a sua direção, mas sim é apenas um parceiro, ambos estão a trabalhar para o desenvolvimento do nosso futebol.
Contudo, não podemos terminar essa abordagem sem enfatizar o esforço de mudança que alguns elementos do gabinete de comunicação da federação de futebol estão a fazer, ultimamente, em tentar contatar os órgãos de comunicação para cobrir suas atividades, isso sim deveria ser a primeira postura que a atual direção devia assumir com a imprensa vê-la como parceiro e não como inimigo, como tem acontecido em maior parte destes dois anos de reinado de Caíto Teixeira.
Aproveito ainda para convidar o presidente da federação de futebol para fazer o possível e manter um encontro de trabalho com o Fórum dos Jornalistas Desportivos da Guiné-Bissau (FORJOD-GB), para juntos pensarem a forma como podem difundir da melhor maneira as atividades do nosso futebol e outras modalidades ou categorias existentes dentro dele.
O Fórum de Jornalistas Desportivos da Guiné-Bissau não quer substituir qualquer outra organização, mas sim ser uma mais valia para o nosso futebol em particular e o nosso desporto em geral. A atual direção de Caíto Teixeira pode ter suas preferências, isso, é legítimo, como ficou óbvio a posição da FFGB na realização do terceiro congresso da Associação Guineense dos Jornalistas Desportivos (AGUIJOD) na sede da federação de futebol, claro que a FFGB é livre para andar com quem ela quiser, mas não seria nada mal dar uma oportunidade ao FORJOD-GB de se apresentar mesmo que ainda não seja filial da federação.
Creio que Caíto Teixeira não vai dizer que desconhece da existência do Fórum de Jornalistas Desportivos da Guiné-Bissau, porque lembramos bem como se fosse ontem, enquanto candidato à liderança da Federação de Futebol da Guiné-Bissau, o então candidato e hoje presidente da FFGB enviou uma carta pedindo o apoio do FORJOD-Gb que hoje menospreza, simplesmente.
Dizer que a FIFA não funciona como o mercado de Bandim é sem dúvida um claro menosprezo aos homens e mulheres guineenses e estrangeiros que diariamente lutam para ganhar a vida e ajudar no crescimento da economia da Guiné-Bissau. A atual direção da FFGB deve focar no essencial e quando vai falar que traga argumentos convincentes.
Para finalizar, apelo a todos os homens e mulheres da imprensa desportiva nacional que continuemos a fazer o nosso trabalho para que haja sempre a verdade no nosso desporto, mesmo que o nosso bom trabalho incomode alguém, mesmo com insultos e difamação das pessoas que tentam sem argumentos pôr em causa o nosso trabalho.
Pela Guiné-Bissau e pelo nosso desporto vamos continuar a lutar, nós não estamos contra ninguém, nem somos inimigos, quanto amigos de qualquer pessoa, estamos apenas pelo bem do nosso desporto, ele é nosso amigo e mais ninguém.
Boa leitura e até a próxima oportunidade, se Deus quiser!
©️ Sene Camará | Editor-chefe no portal O Golo GB
Lisboa, 22 de Outubro de 2022