SAGA DE VIOLÊNCIA NOS CAMPEONATOS DE DEFESO
Afinal, para que servem os campeonatos de defeso, organizados no território nacional?
Os campeonatos de defeso são espaços ou “viveiros”, normalmente, para a descoberta dos valores, que no futuro servirão os clubes federados do país ou até a seleção nacional de futebol, Djurtus.
Esse desígnio dos campeonatos do defeso há muito que está a desviar-se, tudo porque os valores foram trocados pela cultura da violência, que vai contra o espírito básico do desporto, (Fair Play).
Nos últimos tempos tem se verificado o aumento significante de ondas de violência nos Campos de futebol, onde são realizados os referidos campeonatos
Recentemente, no bairro de Cuntum foram registadas várias situações de violência das equipas contra os elementos da comissão organizadora, que resultaram nos ferimentos graves entre as partes em conflito.
No Bairro Militar numa das partidas dos quartos de finais entre Gã Biafada e Ajax, equipas do mesmo bairro, onde foram registadas também ondas de violência que culminou com ferimentos graves e até levou a perda de um dos olhos, de um agente policial.
Em Antula, campo Clínica Madrugada houve outra situação que levou à detenção dos elementos da comissão organizadora do referido campeonato.
No bairro de Quelélé, Campo de AD, também foi registado um acto de vandalismo que terminou com várias agressões físicas entre os adeptos.
Entretanto, no Campo de Cimeira houve um ato semelhante entre a equipa de Batalhão de presidência da república frente a Fofonafu de Reno que culminou com ato de vandalismo e de espancamento das pessoas nesta partida da final do referido Campeonato defeso, que acabou por terminar sem conclusão, e dias depois houve uma mediação da organização Kumpuduris de Paz entre as três partes, a comissão e as duas equipas, e a final foi disputada dias seguintes.
Um dos episódios mais graves e lamentável aconteceu no bairro de Bandim, campo Cacoma, onde uma criança inocente foi morta a tiro no conflito entre equipas de Afro Man e Timor FC.
Estes são alguns exemplos, porquanto, não posso mencionar todos os casos de violência nos campeonatos de defeso só neste ano que ocorreram um pouco por toda a parte do país.
Algumas pessoas do bem já se retiraram dos Campos por causa das violências e cânticos de insultos dirigidos contra os indivíduos ligados às comissões organizadoras e claques das equipas adversárias.
Até quando vamos ter um campeonato defeso sem violências?
Será que o silêncio do Governo e da Federação de Futebol da Guiné-Bissau será quebrado só quando houver centenas de mortes numa das partidas de futebol no país?
Na minha modesta opinião, o governo deve regularizar os campeonatos de defeso, como forma de pôr fim a esses actos de violência. O executivo deve trabalhar junto com a Federação de Futebol da Guiné-Bissau, criando leis que tendem a regular e fiscalizar esses torneios que decorrem no período das férias.
Se não, estamos perante um perigo à solta…um mal que possa custar caro à própria sociedade guineense.
Ou melhor, ficarmos sem campeonatos de defeso até que as autoridades desportivas do país assumam as suas responsabilidades para evitar mais casos de comportamentos antidesportivos.
Só uma chamada de atenção!
©️ Elvis da Silva | Jornalista de Portal O Golo GB e Rádio Jovem
Bissau, 22 de Outubro de 2022