“CANDÉ RECEBE UM BOM SALÁRIO E DEVE FAZER UM TRABALHO COM TRANSPARÊNCIA E COMPETÊNCIA” – JÚLIO LUSA
O comentador desportivo guineense, Júlio de Oliveira (Júlio Lusa), criticou as escolhas dos 26 jogadores convocados pelo selecionador nacional de futebol, Baciro Candé, para defrontar as Águias da Nigéria para a dupla jornada da fase de qualificação para o Campeonato Africano das Nações (CAN’2023), a ser disputada neste mês de março. Na opinião de Júlio Lusa, Baciro Candé não respeita os critérios universais adotados para a escolha de jogadores para as respetivas seleções nacionais a nível mundial.
Lusa fez essas afirmações na entrevista concedida ao Jornal O Democrata, em análise à lista dos jogadores selecionados pela Guiné-Bissau para os próximos dois jogos da fase qualificação para o CAN’2023, que se realizará na Costa de Marfim.
“Se fizermos uma retrospetiva desde que o treinador Baciro Candé chegou ao cargo de selecionador nacional, chegaremos à conclusão que não trouxe nenhuma evolução e nunca garantiu a base na sua convocatória teria um futuro risonho para uma seleção nacional compacta “, disse.
“A convocatória de Candé não tem cordão umbilical assente na meritocracia, porque é uma convocatória de uma espécie do ciclo vicioso. Um jogador, para ser escolhido para representar uma seleção, deve ter número dos jogos aceitável, minutos suficientes e o seu rendimento no jogo. Este é um dos critérios que muitos treinadores mundiais adotam para anunciar a lista dos convocados, mas o Candé é uma exceção”, ironizou.
Embora tenha escusado mencionar os nomes dos jogadores que não poderiam fazer parte das escolhas do selecionador nacional de futebol para os dois jogos contra a Nigéria, o comentador desportivo lembrou que existem atletas que, há dois, não são convocados nos seus respetivos clubes europeus.
“Globalmente, se analisássemos esta lista das escolhas e elegêssemos um critério para essa chamada, talvez ficassem apenas 8 jogadores, dos 25 selecionados recentemente pela equipa técnica nacional”, acrescentou.
A lista dos jogadores anunciados na semana passada pelo selecionador nacional tem apenas nomes de atletas que militam nos campeonatos internacionais, tendo a maioria a jogar em Portugal e na França. Embora reconheça as performances dos atletas que jogam no país, Candé lembrou que os jogadores internos estão com falta de ritmo competitivo para a alta competição.
Abordando o assunto, Lusa contrariou o selecionador nacional, lembrando que existem jogadores no Sport Bissau e Benfica, no Clube Desportivo e Recreativo de Gabú, na União Desportiva Internacional de Bissau (UDIB), nos Tigres de São Domingos e no Sporting Clube da Guiné-Bissau com qualidades para integrarem a convocatória.
Perante este cenário, Júlio Lusa afirmou que o selecionador nacional recebe um bom salário e tem a responsabilidade de fazer um trabalho com “transparência e competência” à frente da seleção de futebol da Guiné-Bissau.
“Candé recebe um bom salário e deve fazer um trabalho com transparência e competência. Nos últimos tempos, se olharmos para o trabalho do selecionador, não podemos falar de competência, nem da transparência “, criticou.
Júlio Lusa não tirou mérito a Baciro Candé por qualificar a Guiné-Bissau três vezes consecutivas para a maior competição do futebol em África, mas alertou que se esse grupo continuar a fazer parte da lista dos convocados, Baciro Candé poderá hipotecar o futuro da seleção nas competições internacionais.
Segundo explicação de Júlio Lusa, neste momento existe um número considerável de jogadores guineenses nos diferentes campeonatos europeus que podem fazer parte do projeto da seleção da Guiné-Bissau. O Lusa citou os nomes de Roger Fernandes, Celton Biai, Umaro Embaló, Toti Gomes, Leandro Sanca, Beto, Wilson Manafá, Vasco Fernandes e Famana Quizera.
Defendeu que é fundamental a Guiné-Bissau acionar uma diplomacia “desportiva agressiva” para convencer os jogadores, como fazem os países como Cabo-Verde e o Senegal, para que estes jogadores possam começar a representar a seleção nacional nos próximos tempos.
“Estes jogadores, nenhum deles fechou a porta à Guiné-Bissau, simplesmente pediram um tempo, como acontece em vários países africanos em que jogadores hesitantes acabam por representar os seus países”, explicou Júlio Lusa.
Em relação ao jogo com a Nigéria, o comentador desportivo disse que devido aos últimos dois resultados da seleção da Guiné-Bissau no jogo frente às seleções de São Tomé e Príncipe e da Serra Leoa, a perspetiva da seleção é positiva.
Para Júlio Lusa, mesmo perdendo os dois jogos com a Nigéria, a Guiné-Bissau não vai comprometer o seu apuramento para o CAN.
O selecionador nacional de Futebol anunciou a lista de 25 jogadores convocados para a dupla jornada decisiva frente à seleção da Nigéria do Grupo A de qualificação para o CAN’2023, na Costa de Marfim, onde vai tentar chegar pela quarta vez consecutiva.
Entre os eleitos de Baciro Candé, destaque para o regresso do guardião e capitão da seleção Jonas Mendes, que esteve ausente das últimas convocatórias da equipa técnica. Uma convocatória que também conta com 5 jogadores que terão oportunidades de jogar pela primeira vez um jogo oficial pela Guiné-Bissau.
Trata-se de Tito Júnior, Prosper Mendy, Pedro Gomes, Toni Correia e Esmiraldo Sá Silva ‘Jardel’.
Na tabela classificativa do Grupo A, a Nigéria é líder isolada (6 pontos), a Guiné-Bissau é o segundo lugar (4 pontos), a Serra Leoa está na terceira posição com apenas (1 ponto) e São Tomé e Príncipe último (0).
De acordo com o regulamento, qualificam-se para a fase final do CAN’2023, a ser realizado em janeiro de 2024, na Costa do Marfim, as duas primeiras equipas classificadas de cada grupo.
O CAN’2023 vai contar com a participação de 24 seleções africanas. A Guiné-Bissau vai tentar a sua quarta participação numa fase final do CAN, depois das presenças em 2017, no Gabão, no Egipto, em 2019, e nos Camarões, em 2021.
©️ O Democrata GB/O Golo GB
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