UMA ESTÁTUA PARA O HERÓI MISTER CANDÉ
A par de muitos guineenses, sou crítico de muitas escolhas de Mister Baciro Candé para os jogos da Seleção Nacional de futebol, mas também, reconheço as suas conquistas. Desde que regressou ao comando dos Djurtus, são quatro apuramentos seguidos, feito que poucos selecionadores africanos detêm.
Baciro Candé é mesmo um herói vivo da Guiné-Bissau, particularmente no nosso desporto-rei.
Candé viveu diferentes fases da Seleção Nacional de futebol. Desde a era da já extinta Taça Amílcar, fez várias viagens complicadas com os Djurtus e atravessou momentos desafiantes com as cores nacionais…. Queira Deus!
Hoje, depois de tantos sacrifícios, o homem está a viver a glória da Seleção Nacional de futebol, onde já passou por muitas coisas boas e más. Claro que ele conhece a nossa seleção mais que ninguém. Acompanhou o crescimento da seleção como um pai a assistir a evolução do seu filho.
As pessoas já tiveram a oportunidade de ler os meus artigos de opinião, sabem que critiquei o mister Candé em várias ocasiões pelas suas escolhas, mas todos sabemos que as opções são discutíveis, quanto às escolhas, mas a última palavra é dele, como selecionador.
Baciro Candé reassumiu o comando dos “Djurtus” em finais de Fevereiro de 2016, na altura substituindo os técnicos lusos Paulo Torres e Paulo Russo. Mister Candé tomou a seleção nacional num clima de “turbulência”, mas conseguiu sarar as feridas no seio da seleção com o apoio do seu assistente, o experiente Romão dos Santos.
Uma dupla vindo, na altura, dos eternos rivais. Baciro Candé, do Sporting Clube da Guiné-Bissau e Romão dos Santos, do Sport Bissau e Benfica, que conseguiu a inédita qualificação para a fase final do Campeonato Africano das Nações, disputado no Gabão em 2017, desde esta primeira presença no CAN’2017, Mister Candé e seus rapazes fizeram com que a Taça Africana das Nações deixasse de ser uma miragem, mas sim um palco habitual dos Djurtus.
Claro que queremos mais e mais, ou seja, agora, na próxima edição do CAN’2023, a disputar-se nos meses de Janeiro e Fevereiro de 2024, na Costa do Marfim, queremos desta vez ultrapassar a fase de grupos, uma etapa que nunca conseguimos superar.
Com um percurso enorme no futebol nacional e internacional, o “menino” de Catió, no Sul da Guiné-Bissau que, como futebolista, formou-se na União Desportiva Internacional de Bissau, onde começou como guarda-redes, depois jogou no FC Canchungo e Desportivo de Gabú. Deixou o país para representar a equipa militar de Cabo Verde o Desportivo da Praia, de onde saiu para o futebol europeu onde, como lateral, vestiu as cores do Estoril Praia, do Estrela da Amadora, da Amora FC, do Rio Maior, da Casa Pia AC, do Real Sport Clube de Massamá e Queluz, todos clubes portugueses.
Como treinador, comandou o Desportivo de Farim, onde venceu a Taça da Guiné, o Nuno Tristão Futebol Clube de Bula, o Estrela Negra de Bissau, o Ajuda Sport Clube e o Sporting Clube da Guiné-Bissau, formação pela qual venceu 8 campeonatos nacionais e 4 Taças e três Supertaças da Guiné-Bissau. No estrangeiro treinou de 2008 a 2014 a Associação Desportivo de Oeiras (Portugal), antes de voltar ao país para reassumir o Sporting Clube de Guiné-Bissau, cuja ligação não durou, porque deu um salto para reassumir a Seleção Nacional de futebol, Djurtus.
Na Seleção Nacional, chegou à meia-final da Taça Amílcar Cabral no Mali, em 2001/2002. Em 2002/2003 foi à final do Torneio da Francofonia na Gâmbia. Em 2004/2005, levou novamente “Os Djurtus” à meia-final da Taça Amílcar Cabral em Conakri. Em 2007/2008, Candé esteve outra vez nas meias-finais da Taça Amílcar Cabral no Senegal. Participou na campanha da eliminatória para o Campeonato do Mundo (2010).
Em 1996, 2004 e 2006/2007, foi eleito melhor treinador de futebol da Guiné-Bissau. Em 1997/1998 foi destacado pelo Sporting Clube de Portugal como treinador do Sporting Clube de Guiné-Bissau na base do protocolo assinado entre as duas equipas.
Esta é uma justa homenagem a si Mister Candé. Estarei sempre aqui para te aplaudir e também para te criticar, como jornalista e acima de tudo, como um cidadão guineense que quer ver a sua seleção evoluir como as suas similares da sub-região e a nível do continente, porque temos opções para sermos a melhor da nossa costa. Por exemplo, continuo a questionar a ausência do avançado Alexandre Mendy nos Djurtus, um mistério que só você consegue esclarecer.
Como muitos, também subscrevo a edificação de uma estátua do Mister Baciro Candé nas instalações do Estádio Nacional ’24 de Setembro’ e a atribuição do seu nome a uma rua de Bissau como forma de reconhecer o trabalho que tem desenvolvido em prol do futebol nacional.
Com mais de 40 jogos pelos Djurtus, o homem que conduziu a Guiné-Bissau às edições do Campeonato Africano das Nações de 2017 (Gabão), 2019 (Egito), 2021 (Camarões) e 2023 (Costa do Marfim), claro que merece uma enorme estátua na Capital Bissau. Meus parabéns Mister Candé, seu nome ficará gravado para sempre na boa memória dos guineenses, do futebol nacional e africano. E força nesta revolução nos Djurtus que iniciou no dia 28 de Agosto de 2023.
Por: Sene Camará
Jornalista e Editor-chefe no portal O Golo GB
©️ Jornal O Democrata GB (28.08.2023)
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