“COMPREI UMA TELEVISÃO À MINHA MÃE E O BAIRRO VAI LÁ A CASA VER OS JOGOS” – ROGER
Quando assinei o meu primeiro contrato, lembro-me de ter falado com o Hugo Vieira. Disse-lhe: “Quero que mandes esse dinheiro todo à minha mãe, que ela precisa mais que eu”
Roger Fernandes foi o mais recente convidado do Pod’Next, podcast do SC Braga, e abriu o livro relativamente à sua infância na Guiné Bissau e ao amor que tem pela sua mãe.
Após a estreia na temporada 2021/22, o jovem extremo está a viver a sua época de afirmação, somando 22 jogos pela equipa principal, dois golos e quatro assistências.
Até dezembro do ano passado, a sua mãe não conseguia ver os seus jogos, mas isso mudou.
«O meu bairro gosta muito do SC Braga e, quando fui lá em dezembro, consegui comprar uma televisão. A minha mãe antes não podia assistir aos jogos, agora vê todos. As pessoas do bairro vão lá para casa ver os jogos. A minha mãe fez duas salas porque entrava muita gente no dia de jogo. Aquele bairro para todo para ver o SC Braga.», começou por revelar Roger.
O extremo revelou ainda que é apaixonado por futebol desde tenra idade, a ponto de sujar o seu uniforme escolar e ir com o mesmo molhado para as aulas.
«Na Guiné tens um uniforme para a escola que é obrigatório e, se ficar sujo, lavas. Ia jogar com o meu até às 8 da noite, esquecia-me que era para lavar. No dia a seguir estava sujo, levantava-me de manhã, metia na água, tirava a sujidade e ia abanando até à escola para secar. Não secava totalmente, mas dava para desenrascar», contou, entre risos.
A chegada à cidade de Braga foi um choque para o atleta vindo do bairro de Bafatá. Durante dois anos, não pôde competir devido à documentação.
«Foi difícil. Chegava a sexta-feira, sentias que tinhas treinado bem durante a semana, mas só os colegas é que podiam jogar. Estava nos sub-15, para mim sábado e domingo eram para jogar na rua», elaborou o extremo.
O maior problema foi o enorme choque de realidades, pois a vida na Guiné ficou marcada por inúmeras dificuldades financeiras e alimentares:
«Nunca tinha comido cereais e deram-me Chocapic, leite era uma vez por mês na Guiné. Havia, mas eu não tinha condições para aquilo. Quando assinei o meu primeiro contrato, lembro-me de ter falado com o Hugo Vieira. Disse-lhe: “Quero que mandes esse dinheiro todo à minha mãe, que ela precisa mais que eu”.»
Na partida frente ao Estrela, venceu o prémio de homem do jogo, que dedicou «à dona Maria». Agora, Roger Fernandes pretende ter a mãe mais perto de si:
«Quero trazer a minha mãe para cá, faz-me falta. Queria tê-la por perto, sempre. Mesmo estando lá, ela liga-me quase todos os dias.»
©️ zerozero.pt
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