FUTEBOL GUINEENSE, ESTÁ COMO O PAÍS, PARADO

O futebol guineense entrou na minha vida por mero acaso, sem muito conhecimento, sem muita informação e através de um contacto de uma das academias sediadas em Bissau, que devido ao COVID não deu seguimento.
Obviamente que o interesse foi-se aguçando e contacto puxa contacto, interação atrás de interação fui conhecendo diversas pessoas ligadas ao Futebol Guineense, uns diretores e outros Presidentes, o que me deu uma enorme bagagem de informação sobre o talento existente no País. Vi vários jogos em streaming, acompanhei diversos jogadores e na minha memória ficou o perfume de muito bom futebol que apesar de terem tudo (talento), não têm nada (infraestruturas/condições).
Penso, e sem querer ser ofensivo, o Futebol Guineense, está como o País, parado, com muita instabilidade e com muito por fazer, muito mesmo.
É inadmissível que uma Liga de Futebol Nacional dispute os seus jogos em terrenos pelados. É inadmissível que não se cumpra calendarização e janela de transferências FIFA para disputar os campeonatos, é inadmissível que não haja condições de trabalho e de higiene para que os diversos Staffs (treinadores, jogadores, massagistas… etc) possam desempenhar o seu trabalho.
Olhando para o PIB Guineense, vemos um dos mais baixos mundiais e reitero, o Futebol Guineense e o jovem jogador Guineense tem talento para catapultar todo o paradigma desportivo do País e consequentemente o PIB, é preciso olhar com verdadeira responsabilidade e deixar as amarras do passado que nada de benéfico traz.
Primeiro é preciso clareza e transparência e investir seriamente. Sim e esta é a deixa para o Governo e os demais Governantes, investimento transparente e em prol do desenvolvimento social e desportivo do País.
No plano desportivo, Benfica de Bissau, Sporting de Bissau, Portos de Bissau e Flamengo de Pefine devem ter os seus recintos próprios, sintéticos, vedados, com balneários e demais salas técnicas. Na segunda fase os restantes Clubes de Bissau e espalhados pelo País devem possuir também.
Tanto no Norte, (Ingoré,São Domingos e Cacheu) devem ter também os seus Estádios de forma a todos os Clubes daquela zona possam disputar os seus jogos em sintético. Na Zona de Oio (Bissorã, Mansôa e Farim) e nas restantes Zonas Bafatá, Gabú, Tombali, Quinara devem ser construídos 3 Estádios por Distrito e nas Ilhas Bijagós e Bolama devem ser também construídos 1 por Ilha. Obviamente que será gasto muito dinheiro, será preciso contratar trabalhadores estrangeiros especializados na matéria, mas TEM que ser feito para bem do Futebol Guineense e acima de tudo para bem do desenvolvimento da Guiné-Bissau.
No que toca aos Estádios, lotações com 2 a 3 mil lugares sentados e fechados ao público é imperativo. Podem se usar os interiores das bancadas para construir balneários, sala de fisioterapia, ginásio, sala de imprensa.
Devem ser contratados treinadores estrangeiros capacitados em treinar jovens jogadores.
Os Clubes com Estádios fechados vão gerar receitas para a sua auto-sustentabilidade. Vão criar mais segurança nos jogos, e poderem disputar os jogos em qualquer altura do ano.
Obviamente que é preciso estabelecer regras para cumprir contratos. É imperativo criar uma base de trabalho focada e determinada no desenvolvimento futebolístico. A Federação tem que ser responsável pela supervisão das finanças dos Clubes e interligação às Associações de Futebol Distritais.
Sobre os quadros competitivos penso que devem ser mantidas 2 Ligas Nacionais, I Liga com 18 Clubes, II Divisão com duas séries (Norte/Centro) (Centro/Sul) de 16 Clubes e depois criar as provas Distritais geridas por Associações Distritais (Associação de Futebol de Bissau, AF Bolama/Bijagós, AF Cacheu, AF Oio, AF Bafatá, AF Gabú, AF Tombali e AF Quinara) com vários patamares divisionais se necessário caso hajam muitos Clubes (1ª, 2ª, 3ª Divisão Distrital). Descendo 4 Clubes da 1ª Liga e subindo 4 da 2ª Divisão e nas descidas da 2ª Divisão, 4 vagas por série, perfazendo 8 vagas para os Campeões Distritais.
Sobre a Taça Nacional da Guiné, todos os Clubes da 1ª Liga e 2ª Divisão mais uma vaga por Distrito devem ser sorteados desde a 1ª eliminatória.
O arranque das provas deve-se orientar pela maioria das provas Europeias, de Agosto a Maio, ficando Junho/Julho de descanso e planeamento da nova temporada, arranque da pré-época.
O Governo deve também projetar apoios financeiros para a Comunicação Social, de modo a criarem publicidade aos Clubes aos jogadores, ao universo digital que só com um click conseguem ver a KMS de distância. Transmissões em direto, programas desportivos, tudo fontes de receita que podem alavancar o PIB Guineense.
É preciso evoluir, é necessário fazê-lo com urgência. Dar educação, dar acessos, criar empregos, dar saúde. Pois Guiné-Bissau pode e deve projetar o futuro com otimismo.
✍🏾 Fábio Oliveira | Treinador de Futebol UEFA C
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