MÁ ORGANIZAÇÃO A NÍVEL DA FFGB, LEVA O FUTEBOL NACIONAL CADA VEZ MAIS LONGE DO BELO HORIZONTE
Minhas saudações a todo povo da Guiné-Bissau, em especial aos praticantes e amantes do desporto rei (Futebol)
Gostaria de me apresentar, antes de tudo, Sou Ricardo Gomes, Vice-Presidente de FC Canchungo,e responsável pelos assuntos comerciais, marketing e comunicação.
Fiz a minha apresentação resumida da minha função enquanto actor de desporto, para que quem ler a minha publicação possa perceber que não sou apenas um amante de desporto mas sim um agente activo do Futebol Nacional.
Enquanto guineense e dirigente do desporto, sinto a necessidade, se não a obrigação de dar a minha contribuição não só no clube em que sou dirigente, mas também no futebol da Guiné-Bissau em geral, tanto a nível das competições internas como nas selecções nacionais de formação e selecção nacional sénior A.
Foram vários anos que tenho acompanhado de forma atenta aquilo que é a evolução do futebol na Guiné-Bissau, e das políticas pouco claras dos responsáveis do futebol nacional que para mim não pode levar o desporto deste País a lado nenhum, decidi hoje partilhar as minhas ideias e o meu ponto de vista, porque os meus últimos comentários na página da FFGB relativamente aos últimos acontecimentos ligados ao futebol nacional foram sempre suprimidos e não sei por quê.
A título de introdução, irei focar-me principalmente nas 4 grandes linhas que considero essenciais para o arranque e consequentemente o desenvolvimento do futebol nacional, nomeadamente:
1. Academias de futebol (escolas de formação), Futura Academia Nacional, Futebol de formação incluído as Selecções de formação;
2. Campeonatos Defeso Nacional;
3. Campeonato Nacional (prémio de vencedor);
4. Seleção nacional local A.
1. Academias de futebol (escolas de formação), Futura Academia Nacional, Futebol de formação incluído as Selecções de formação:
A formação é essencial para o desenvolvimento do futebol em qualquer país do mundo. Mas não se trata apenas de treinar as crianças, ensiná-las a jogar à bola, mas sim tem de ser um processo educativo completo, e para isso é necessário ter condições adequadas para ser licenciado para o exercício desta atividade, que por falta de organização está espalhada por todo o território nacional sem o mínimo controle, com pessoas treinando crianças sem a menor noção de que tipo de treinamento uma criança pode ser submetida, sem exames médicos prévios para saber se está apto fisicamente ou não, para jogar futebol.
Quando digo condições, não são apenas materiais que até são muito importantes, mas também as pessoas certas e bem treinadas para educar as crianças (treinadores, médicos, preparadores físicos, etc.)
Relativamente às academias, não me vou alongar muito nas condições muito precárias em que trabalham diariamente, porque são nessas condições de trabalho que se têm detectado muitas pérolas do futebol nacional, como foi o caso de alguns dos nossos internacionais, Alfa Semedo, Jorginho, Moreto Cassamá , Panutche Camará, Piqueti Djassi, João Mário e demais estrelas que hoje levam o nome deste País ao mais alto nível. Portanto, o assunto que mais me levou a incluir este ponto foi a futura dita ACADEMIA NACIONAL, que desde o primeiro dia que ouvi falar até hoje, questiono-me a mesmo, e não obteve respostas sobre como é possível uma Federação de um país ter sua própria academia de futebol.
Fiz questão de comentar num dos programas de jogos de prospecção organizados pela FFGB, onde questionei esta ideia da criação duma academia nacional de futebol, que alguns guineenses e até atores de desporto elogiaram.
Mas creio que só quem não entende de futebol pode aplaudir esta ideia que, a meu ver, não tem pernas para andar, se a Federação Nacional de Futebol é um órgão que tutela o futebol nacional, como pode criar algo paralelo aos clubes. Se amanhã tiver de organizar competições entre academias, terá a sua própria academia em competição com as outras academias que ele mesmo tutela. É possível isso?
Para além de não ser vocação da Federação de Futebol ter uma academia de futebol, há uma grande dúvida que se coloca a este respeito. ACADEMIA NACIONAL! KE KU E TENE DI NOBU KU UTRUS KA TENE? Pelo que eu sei, não tem nada de novo, nada de diferente das outras academias já existentes, as prospecções foram feitas nos campos pelados, de forma desorganizada, e é quase certo que os treinos desta dita academia vão ser organizados nos campos pelados também.
Sugestão: No meu ponto de vista, a Federação ao em vez de criar a sua própria academia de futebol, seria melhor regulamentar este sector, definir as condições obrigatórias para obtenção da licença de operação para os clubes e particulares que querem criar academias. Mas quando digo condições ou seja licenças não estou a querer dizer de que temos que colocar barreiras rígidas para impedir os interessados de exercer as suas actividades.
Depois da criação de um quadro organizacional, a FFGB deve assumir um papel de apadrinhar as academias, utilizar os fundos disponibilizados pela FIFA para o desenvolvimento de futebol e também junto dos outros parceiros de cooperação mobilizar fundos para construção das infra-estruturas para academias.O custo médio para aplicação de relva artificial por uma equipa de profissionais é de 25€/m2, podendo variar entre os 15€/m2 e os 75€/m2 (https://www.habitissimo.pt/orcamentos/tapete-de-relva-artificial), portanto com 200,000 € dá para fazer um ou dois campos por ano.
Depois das infra-estruturas, a federação tem de criar um quadro competitivo, tem que haver campeonatos tanto regionais como nacional para os jogadores de formação, eles têm não só que aprender a treinar mas sim também é necessário lhes colocar num ambiente da competição para que possam também aprender a competir e a amadurecer.
Por último, todas as camadas de seleção de formação têm que funcionar, com uma equipa técnica completa e exclusiva por cada camada de seleção, nenhum seleccionador por trabalhar em duas camadas respectivamente.
Portanto, cada seleção de formação de futebol tem que ter a sua equipa técnica completa e exclusiva (Scouting, Coordenador técnico, Metodólogo, Administrador, treinadores).
2. Campeonatos Defeso Nacional:
Neste capítulo, não podemos apontar o dedo à federação, mas sim uma sugestão tanto à FFGB assim como ao Ministério da Cultura, Juventude e Desportos. O Ministério da Cultura, Juventude e Desportos em colaboração com a FFGB, pode criar os chamados, Organismos Sectoriais para a Coordenação das Actividades de Férias (O.S.C.A.F), que será encarregue de organizar e coordenar as actividades culturais e desportivas durante o período das férias escolares. Nos O.S.C.A.F vão se filiar às Associações Desportivas e Culturais (A.D.C), ou seja, equipas de futebol de bairros que jogam campeonatos defeso em respectivos setores e cada O.S.C.A.F é dividido em Zonas (Por exemplo, Setor Autónomo de Bissau pode ser dividido em zonas que reagrupam bairros mais próximos, assim as equipas da mesma zona jogam num campeonato defeso da respetiva Zona, depois os campeões de cada zona jogam o campeonato sectorial, Regional e Nacional), respectivamente. O.S.C.A.F vão se filiar no Organismo Regional para a Coordenação das Atividades de Férias (O.R.C.A.F.) e este último vai se filiar no Organismo Nacional para a Coordenação das Atividades de Férias (O.N.C.A.), que vai organizar os campeonatos de defesos Regionais e Nacional, respectivamente, que vai colocar à prova os campeões de cada sector e região.
Com esta organização, um jogador só pode ser admitido a jogar numa só equipa durante a época, se for eliminado não pode ir jogar numa outra zona, nem noutro sector ou região. Este sistema permite às equipas serem mais organizadas, os jogadores a treinarem juntos, só assim é que podem evoluir, contrariamente do que se verifica hoje, um jogador joga em todos os campeonatos de defesos do território nacional, sem tempo para treinar nem para recuperar. E este sistema não permite a detecção dos novos talentos, porque são os mesmos jogadores que jogam em todos os campeonatos.
3. Campeonato Nacional (prémio de vencedor):
Relativamente ao campeonato nacional, creio que a premiação atribuída ao campeão Nacional não dignifica o campeonato, nem os seus autores, tanto os jogadores como os dirigentes e treinadores. Só um exemplo, com uma premiação de 7 milhões de FCFA ou menos que isso, não compensa nem os salários dos jogadores, se todas as equipas vão pagar um salário nem que for 40 000 FCFA por mês, num plantel de 26 jogadores em 12 meses totaliza 12 480 000 FCFA sem contar com os salários da equipa técnica e as despesas correntes das equipas, ligadas a logística de viagens, alimentação e etc…
Portanto, a FFGB e a Liga de Clubes têm que recorrer ao governo para procurar a subvenção, também tem que procurar parcerias com empresas que operam no País para patrocinar o campeonato nacional. Só assim poderá ter fundos para dar uma premiação que dignifique o nosso campeonato.
4. Selecção nacional local A:
No que diz respeito à seleção local A, só vou me debruçar sobre a equipa técnica. Creio que não é possível ter um selecionador a orientar a seleção A e ao mesmo tempo a orientar a Seleção local A, com um adjunto que está quase em todas as seleções, isso só pode ser uma brincadeira.
Não pode haver super treinadores, temos filhos desta terra espalhados um pouco por todo o mundo com capacidades para dirigir a seleção tanto local como a Sénior A e as de formação, portanto Mister Candé que se dedica exclusivamente a seleção Sénio A. O Seleccionador Nacional é o coordenador de todas as selecções nacionais de formação, ele pode definir o sistema táctico que quer nas seleções consideradas de transição para a selecção Nacional (Sub-20, Sub-21) até mais baixos, mas não pode orientar uma outra selecção.
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