VIAGEM ÀS ORIGENS DE ÁLVARO DJALÓ: “O SONHO MAIOR QUE TEM É JOGAR A CHAMPIONS”
Álvaro Djaló, filho de guineenses, nasceu em Madrid e cresceu em Bilbau. Amigos e família no País Basco sonham vê-lo jogar na Champions.
Eletrizante, com perfil descarado nos encontros imediatos que um relvado proporciona, Álvaro Djaló foi a arma secreta predileta de Artur Jorge por ser aquele jogador em quem podia confiar, 15, 20 ou 30 minutos para agitar um jogo e revolucionar comportamentos da equipa, muito pela velocidade e improviso.
Acabou a época com 41 jogos, cinco golos e cinco assistências, sem que nas épocas anteriores tivesse espreitado minutos na primeira equipa.
O extremo espanhol de origem guineense tomou de assalto os palcos logo ao primeiro jogo, quando, estreado pelos guerreiros, aproveitou os poucos minutos em campo para acelerar e assistir para o 3-3 com que fechou a receção ao Sporting, na 1.ª jornada. Uma resposta valiosa que fez de Djaló um favorito na Pedreira, ainda que raramente no onze.
Sobre o atacante, de 23 anos, já associado ao Atlético Bilbau por cumprir requisitos pelo seu crescimento na região para poder ser aceite pelos leões bascos, recaem as expectativas de que 2023/24 faça disparar a cotação e influência na equipa. Muitos reclamam mais oportunidades para Álvaro, e esse desejo de muitos adeptos dos guerreiros converge com o círculo íntimo de Djaló, que tantas vezes se junta pela estrada fora, de Bilbau a Braga pela febre de ver um verdadeiro talento em ação. Falamos com Jonas Cá, um dos membros desse grupo tão dedicado. “Os nossos pais são amigos, compatriotas guineenses, e somos unidos desde muito novos, sendo ele mais velho dois anos. É uma ligação de infância que perdura, muito futebol de rua todos os dias, naquela altura em que nos propusemos a ser jogadores e só íamos a casa para comer”, recorda Jonas, que viu Álvaro passar do futebol de rua e de bairro para realidades mais avançadas até chegar a Braga. “Ele faz o seu trajeto no UD San Miguel, como juvenil, passa ao Begoña e aos 17 anos chega a Braga. Teve uma grande oportunidade, as coisas saíram-lhe bem. Não esqueço os momentos felizes nos bairros de Otxarkoaga, em San Francisco, Zabalburu, Amezola e San Adrián”, nota.
“O Álvaro nasceu em Madrid, mas chega pequenino a Bilbau onde passa quase toda a vida até sair para Portugal. É de família humilde, trabalhadora, nunca lhe faltou prato na mesa por ter uma família incrível, quase toda no País Basco, pai, mãe, irmãs e primos. Tem um irmão mais velho, que é modelo, em Aveiro”, relata Jonas, falando de Mutas Djaló, que tem carreira internacional com presenças na semana de Moda de Milão e em vários certames de relevo, não enjeitando as chances de ver Álvaro em Braga. A amizade é uma porta aberta para mais descobertas. “Ele sempre foi muito pelo Barcelona e de ídolos lembro-me de Ronaldinho, Henry e Neymar. Sempre foi muito rápido, driblador, encanta-lhe fazer fintas, bicicletas, lambretas, elásticas. Gosta de jogo bonito e tudo que fazia Ronaldinho ele imitava na rua”, graceja, seguramente pontuando com nota máxima a execução de Álvaro Djaló em Florença, num golo que foi eleito o melhor de uma jornada da Liga Europa.
Euforia e o dom da multiplicação
Jonas conhece os desafios que alimentaram Álvaro na mudança para Portugal, partindo em busca do sonho de ganhar acesso a uma visão de carreira a partir de um clube com todas as ferramentas e uma academia de ponta.
“Foi duro para ele no início, mesmo com a vantagem de falar português. Para trás tinham ficado a família e os amigos. Foi sozinho pelo futebol, porque tinha esse sonho na cabeça de ser profissional e fez todos os esforços para singrar”, reconhece.
“Ainda é um pouco estranho vermos hoje o Álvaro ao nível que está, num clube que joga na Europa, a triunfar. Estamos muito contentes por ele, toda a gente que o conhece em Bilbau está feliz. Há algumas crianças que sabem quem é Álvaro”, sustenta Jonas, explicado as viagens frequentes a Portugal e um sentimento alinhado nas camisolas. “Quase todos temos camisolas dele, e é habitual que nos juntemos para ir vê-lo jogar. Fui algumas vezes sozinho e outras acompanhado. Antes da final da Taça estivemos três com ele, mais o irmão. Dependemos de dias livres no trabalho e no futebol e vamos. Tentamos ficar quatro a sete dias”, finaliza.
Amigo e fã da família Williams
É conhecida a amizade de Álvaro Djaló com Nico Williams, o irmão de Iñaki Williams, que despontou nas últimas épocas no Atlético Bilbau e que até foi decisivo, pela Espanha, a afastar Portugal da última Liga das Nações, com uma assistência para golo de Morata. Foi em Braga e o jogo marcou um encontro entre ambos. “É um amigo, porque sempre coincidiram nas ruas por ação de amigos comuns. Dão-se bem ainda hoje. O Álvaro tem os irmãos Williams como referência, porque começa por crescer em Bilbau sem que houvesse história de negros no Atlético Bilbau. De repente, apareceu Iñaki e o Álvaro, ao vê-lo na equipa, motivou-se a querer chegar lá também. “Foi uma fonte de motivação mas, agora, está seguramente mais centrado no Braga, até porque não dá para imaginar o futuro.”
“Ele está contente em Braga, gosta do Atlético por ser a equipa da cidade onde cresceu e reconhece que seria bonito lá jogar um dia, mas, para já, o sonho maior que tem é poder estar na Champions com o Braga”, vinca Jonas, compreendendo a ambição palpitante que impera em redor de Álvaro e subtrai da equação a ansiedade de uma transferência. “Já se falou cá desse interesse, mas é sempre natural dizer-se que o Atlético Bilbau quer este ou aquele, porque tem um campo de escolha mais limitado. Tenho a certeza de que, neste momento, ele não pensa na cobiça do Atlético ou de qualquer outro”, afirma o amigo, também de origem guineense.
“Esse é um sonho, ver o Álvaro juntar-se ao primo, Adu Ares, que já começou a jogar pelo Atlético Bilbau, e ainda a Nico, suspira Jonas.
O amigo ajuda a decifrar a aproximação vista nas redes da arma secreta do Braga ao portento do Milan: Rafael Leão. “Eles conheceram-se, salvo erro, nos testes a que o Álvaro se submeteu no Sporting. Ele foi a vários lados, mas foi o Braga que quis ficar com ele. Com o Leão, ganhou ótima amizade.”
“Vai dar um passo em frente”
Ainda desconhecendo se continuará a jogar futebol, Jonas teve como último emblema os amadores do Solokoetxe, é a carreira de Álvaro que o enche de orgulho, pela materialização de sonhos e representação de uma Guiné-Bissau e de uma família guineense em Bilbau na alta roda internacional. “O Álvaro viveu o seu ano mais importante, estreando-se na primeira equipa. As expectativas passam agora por poder dar um passo em frente nesta segunda época, ter mais minutos, titularidades e poder corresponder com mais golos e assistências. É isso que ele francamente gosta! Está muito satisfeito e quer continuar a crescer, a aprender e a ser importante para a equipa, concretizando os objetivos dele e os do clube”, evidencia Jonas, descrevendo a personalidade do avançado de 23 anos.
“O Álvaro sempre se caracterizou pela humildade, amigo do seu amigo, tranquilo. Fora do campo, tem um grande gosto por carros, adora passear e estar com os amigos no bairro a comer pipas”, salienta, abrindo o véu sobre o ouvido apurado de Álvaro. “Gosta muito de dançar, é tipo Vinícius Jr. Seja música inglesa, portuguesa, espanhola, francesa ou brasileira”.
©️ O JOGO
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