CAN’2021: GORKY MEDINA DIZ QUE CICLO DE BACIRO CANDÉ CHEGOU AO FIM A FRENTE DA SELEÇÃO NACIONAL
©️ O Democrata
O comentador desportivo guineense Gorky Medina considerou um “fiasco” a participação da seleção nacional de futebol no Campeonato Africano das Nações (CAN 2021), a decorrer nos Camarões e defendeu a saída do selecionador nacional, Baciro Candé, que está a ser fortemente criticado pelos adeptos.
Gorky Medina fez estas afirmações esta terça-feira, 25 de janeiro, numa entrevista concedida ao Jornal O Democrata, com o objetivo de analisar a terceira participação consecutiva da Guiné-Bissau na maior competição africana de futebol e o desempenho da seleção nacional.
“A participação da Guiné-Bissau foi extremamente negativa, um “fiasco” total, uma vez que esta terceira participação foi pior em relação à segunda, na qual também não conseguimos marcar pelo menos um golo nos três jogos da fase de grupos”, disse.
“Sou amigo de Baciro Candé, mas chegou ao fim do seu ciclo, porque a contratação de um selecionador pressupõe a existência de um projeto que fixa objetivos. Quais eram os objetivos da Federação de Futebol (FFGB) ao contratar os serviços de Baciro Candé, gostaríamos de saber? Mas agora uma certeza tenho, para o grande público guineense, chegou ao fim o “ciclo” de Candé à frente da equipa nacional”, assegurou.
Medina adiantou que, se for feita uma sondagem junto dos adeptos da seleção nacional de futebol sobre a permanência do selecionador nacional no cargo, a maioria das respostas será não, porque “a maioria dos guineenses não está satisfeita com os resultados da seleção, por causa da sua prestação nos dois últimos CAN no Egito e nos Camarões”.
Critica-se o desempenho da seleção nacional no CAN2021, que não conseguiu apurar-se para os oitavos-finais da prova. Sobre isso, o comentador desportivo lamentou o silêncio da direção executiva da FFGB, liderado por Carlos Mendes Teixeira “Caíto” sobre a prestação da seleção na competição.
“Sabe o que é curioso a volta deste assunto é que, após a eliminação da seleção nacional o secretário de Estado da Juventude e Desportos, Florentino Dias fez um pronunciamento, mas não é ele que gere a equipa dos “Djurtus”, mas pronunciou-se sobre a nossa prestação e até agora não se ouviu nada da FFGB”, criticou.
Medina, que também é professor universitário e antigo jogador de futebol, diz que a direção executiva do organismo tem a obrigação de fazer um pronunciamento oficial sobre a prestação da Guiné-Bissau no CAN2021, uma vez que é a entidade que gere o futebol nacional.
Desde a primeira participação no CAN em 2017 no Gabão, os sucessivos governos investiram muito dinheiro na seleção nacional, mas nunca foi definido um objetivo para a equipa nacional nas diferentes competições, nomeadamente o CAN e a recente participação na fase eliminatória para o Mundial 2022, a realizar-se no Qatar.
Nas três participações consecutivas no CAN, a Guiné-Bissau disputou 9 jogos, somou 3 empates, 6 derrotas, zero vitória, tendo marcado apenas dois golos na primeira participação, por Juary e Piqueti.
Confrontado com esses dados, Medina entende que o executivo tem obrigação de questionar a FFGB sobre o desempenho da seleção, porque está a gastar muitos milhões de francos cfa, num país que não tem hospital de referência em condições e sucessivas greves nas escolas públicas.
Quem também se pronunciou sobre a participação da seleção foi outro o comentador desportivo, Camnaté Domingos Binhafá. O jovem quadro guineense formado na Faculdade de Direito de Bissau, defende a demissão de Baciro Candé.
“Chegou a hora de alguém assumir a responsabilidade pela eliminação da seleção da Guiné-Bissau no CAN, que deve ser o próprio Baciro Candé ou os dirigentes da FFGB, porque se fosse noutros países mais organizados, tínhamos vistos Candé fora da equipa nacional”, disse.
“Mas tudo indica que o selecionador nacional vai manter-se no cargo, porque até agora não houve um pronunciamento do órgão no sentido de fazer um balanço seja negativo ou positivo daquela que foi a prestação dos “Djurtus” na competiçao”, explicou Domingos Binhafá.
Ouvido pela secção desportiva do Democrata para fazer balanço da prestação da seleção, Domingos Binhafá afirmou que faltou a organização, a coragem e a revolução na seleção da Guiné-Bissau durante os três jogos que efetuou na prova.
A seleção nacional de futebol da Guiné-Bissau terminou a sua participação de forma “inglória” no Campeonato Africano das Nações(CAN 2021), a decorrer nos Camarões.
Inserido no grupo D, juntamente com a Nigéria, o Egito e o Sudão, os “Djurtus” não conseguiram o apuramento para a segunda fase da competição, oitavos finais, mesmo com a possibilidade de 4 terceiros melhores lugares poderem apurar-se para a fase seguinte.
A Guiné-Bissau iniciou a campanha frente à seleção do Sudão, com um empate a zero golos, embora tivesse a possibilidade de sair com três pontos. Os Djurtus tiveram várias possibilidades para fazer golo, incluindo uma grande penalidade desperdiçada por Pelé.
Após empate sem golos frente ao Sudão, a Guiné-Bissau defrontou, na segunda jornada, o Egito, perdendo por 1 a 0. O jogo teve um desfecho amargo e ficou marcado com a polémica à volta do golo de Mama Baldé anulado à Guiné-Bissau. Apesar de terem feito um bom jogo frente aos egípcios, um dos favoritos à conquista da competição, os “Djurtus” não foram para além da derrota.
Nesta partida frente à Nigéria, crucial para garantir o apuramento, uma vez que o adversário estava apurado, a seleção voltou a falhar, perdendo por 2 a 0.
A 33.ª edição da Taça das Nações Africanas estava marcada para 2021, mas acabou por ser adiada para 2022, para não coincidir com a Copa América e o Euro’2020, que também foram adiados, devido à pandemia da Covid-19.